Da inquietude da alma, manifestou-se escrita desenfreada e crua num pedaço de papel.
Abalos sísmicos da sua verdade.
Voltou-se a observar, num desesperado esforço, as figuras que surgiam na fumaça do cigarro fatalmente abandonado e consumido, em repouso, no cinzeiro cheio.
Lembrou-lhe infância, quando no banco de trás do carro, quase de cabeça para baixo, imaginava desenhos tomando vida nas nuvens de algodão.
Levou a língua aos lábios num gesto inconsciente e aspergiu da boca algumas palavras molhadas. A sós.
Olhando pro teto vazio e buscando respostas no nada, algo insistentemente lhe martelava a cabeça:
Me calou a inspiração?
Não.
Me faltou apenas a verdade do não-ser.
by moisés martini